quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Sayonara motherfucker - Deflação à Japonesa?


Mesmo tendo em consideração que os Bancos Centrais não têm tido grande reputação ultimamente, o nosso amigo Trichet está a arriscar em demasia pelo lado da prudência excessiva.

Porquê?

Ao cortar as taxas de forma tão tímida da última vez, no início de Novembro, parece que houve, por parte do BCE alguma relutância quanto a um ritmo ainda elevado de crescimento de preços.

Só que esta é a altura de ver um pouco mais para a frente do que é habitual.

Não se trata só de um questão relacionada com o (alegado) trade-off entre controlo da inflação e integração (ou não) do crescimento económico como variável da função-objectivo do BCE.

É que mesmo só olhando para a inflação, há nuvens escuríssimas que se aproximam no horizonte.

O nosso problema a curto e médio prazo, não é apenas o da crise financeira e económica. É o de uma deflação prolongada à la Japonaise.

E desta vez à escala mundial. Os nossos amiguinhos do oriente demoraram 13 anos (sim, 13) a sair de uma espiral deflacionista que os levou a um colapso bancário que lhes demorou 10 anos a resolver e que, entre outras coisas lhes atirou a Dívida Pública para níveis bem acima dos 100% do PIB (e olhem que o PIB Japonês não é coisa pequena). E tudo nasceu... de uma crise imobiliária!

O nosso ponto de comparação não é, ao contrário desses excelsos jornalistas de algibeira e outras velhas similares, a Grande Depressão americana de 1929 - que não tem nada a ver com a de hoje.

É antes a década horribilis Japonesa. É que eles acabaram de sair dela, e para lá estão a voltar.

E lembrem-se que isto ocorreu durante o período de crescimento económico mais espectacular à escala global!

Não sei se não estaria na hora de o BCE estar vigorosa e rapidamente a apontar baterias para uma política de taxas de juro zero , como parece estar a fazer o Fed. É que quando as taxas reais chegarem a negativas, será tarde demais.

Ao contrário do habitual, desta vez quase que rezo para não ter razão...