sexta-feira, 22 de agosto de 2008

O Soviete Português da Europa Ocidental

Está confirmado. Vivemos mesmo num soviete. Às vezes ainda tinha dúvidas. O Sr. Pinho a rosnar aos reguladores poderia eventualmente ter algum tipo de explicação Freudiana que me passava ao lado…


Mas não.


O Sr. formou-se mesmo na Faculdade de Economia de Ydiotarsky, na Sibéria Ocidental, ao lado da unidade agrícola Ystoehtudonossovsk.




Matou a Erse. Matou o regulador eléctrico.


Não é que não se soubesse já o que ele pretendia. Sim, ele, por o Engº Joseph Socratinsky não consegue nem sequer pronunciar ‘ERSE’ em inglês técnico…


E assim aprova-se o DL soviético 165/2008. (http://www.dre.pt/pdf1sdip/2008/08/16100/0585205854.PDF) É mais uma SCUT, mais um TGV, mais um aeroporto: ‘não aumentes agora, que alguém há-de pagar mais tarde’.


Fica portanto o tarifário eléctrico livremente e totalmente à mercê discricionária do camarada que ocupar o poleiro à altura, permitindo, em cada ano, ‘esbater’ um aumento de custo ‘excepcional’ (excepcional não é definido na lei, mas lá diz que é a ERSE que o define… mas quem manda na ERSE? O Camarada, claro está) ao longo de 15 anos.


E portanto, em nome da “estabilidade” tarifária, tunga lá de meter o bedelho directamente na tarifa! É como fazem os espanhóis? É sim senhor! É estúpido? É sim senhor! Eles têm tantas coisas boas para imitar, e nós…pimba! Tratamos de imitar as más…


O défice tarifário espanhol já vai em 15.000 milhões de Euros (13% do PIB português).


Alguém um dia ira pagá-lo.


Por tarifas futuras, por impostos, por dívida (que são impostos no futuro). Mas aí serão outros camaradas…


E mais uma vez o governosky faz, o contribuinsky acha que é fixe e pronto, daqui a uns anos falamos!


Como falaremos quando começarmos a pagar as concessões rodoviárias. Como falaremos quando começarmos a pagar as concessões do TGV ou quando for preciso assumir os passivos das empresas de transporte (cerca de 7% do PIB).


“Ah e tal… mas temos aqui um call center de alta tecnologia”… sim senhor, deslocalização de trabalho de Cabo Verde para Santo Tirso. Planos Tecnológicos!...

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

A palhaçada do aeroporto do Porto.

O repto foi lançado. Que tal autonomizar o aeroporto do Porto concedendo ou vendendo-o a privados?
Em princípio a ideia é excelente – ou nem por isso! Cabe analisar.
Então o douto governo mandou analisar.
E quem analisou?
A ANA-Aeroportos de Portugal, S.A: O monopolista de estado detentor de toda a infraestrutura aeroportuária nacional!!!
Curiosamente – ou não – desse estudo resultou que a privatização iria levar a um aumento dos custos em 25%.
E seria de esperar outro resultado?
É que o estudo até pode estar excelente. Só que não credibilidade à partida.
Então é à entidade estatal que mais tem a perder com a referida autonomização que se encomenda o estudo?
É que, acho estranho que duas entidades - a Soares da Costa e a Sonae - tenham demonstrado interesse na concessão sabendo que i) o aeroporto do Porto só se desenvolverá com base num modelo de baixos custos (porque a sua conectividade é exactamente assegurada por Low Costs) e, consequentemente, ii) nunca o poderiam fazer através do aumento das tarifas.
Um dos argumentos apresentados (pelo menos a fazer fé no que dizem os jornais, o que é um grande pressuposto, eu sei) é que o Estado só receberia 800 milhões de euros ao longo de 25 anos e sem pagamento à cabeça… mas, com esta argumentação estapafúrdia sempre se perguntará:

  1. E os efeitos não financeiros? O TGV, por exemplo, alicerça a sua ‘rentabilidade’ sócio-económica inteiramente com base em benefícios não financeiros;
  2. E quanto vale hoje o aeroporto? Quais as suas contas e a sua capacidade de gerar cash-flow? Qual o seu valor actualizado? Como compara com 800 milhões de euros?
  3. Com que direito é que o Estado não toma uma decisão destas com base no facto de não ir receber dinheiro à cabeça? Mas então gora privatiza-se para financiar o défice como critério principal?


Mais uma vez, aquilo que podia ser uma proposta interessante, ou pelo menos digna de avaliar, cai no marasmo idiótico da política mesquinha dos governantes medíocres e idiotas que temos, alicerçados em estudos pouco credíveis.
É que neste caso, nem sequer foi uma consultora, que normalmente determinará um resultado a favor (ou pelo menos altamente enviesado – sei do que falo) do resultado. Foi a própria parte interessada que viu ser-lhe encomendado o estudo que a desmembraria!...


Fantástico.


Palavras… para quê?

PS – Já agora, se alguém me conseguir arranjar esse estudozinho, agradeço…